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I - A Função Social da Unipampa: Bases para sua Refundação

 

Desde a década de 60 a Universidade brasileira passa por profundas transformações como, por exemplo, a fundação de uma tecnociência, a partir da submissão da ciência e de seus aparatos ao capitalismo monopolista. Além disso, a crise fiscal, na década de 70, e a consequente crise do Estado de bem-estar social são sentidas dentro da Universidade Pública, a partir do abandono de qualquer projeto de fortalecimento dessa instituição com autonomia.

  O novo ethos da Universidade torna-se o capitalismo acadêmico! Isto fica latente, ao longo da história universitária brasileira, em reformas que tornam o CNPq, por exemplo, em fundação privada ou mesmo o direcionamento de órgãos de fomento para atender demandas de mercado.

Em tempos austeros não se pode negar a resistência de professores, técnicos-administrativos em educação, discentes e movimentos sociais. Basta lembrarmos de nomes como Cesar Lattes, Leite Lopes, Jayme Tiomno, Mario Schemberg, Oscar Sala, Darcy Ribeiro, Florestan Fernandes, Anísio Teixeira, Roberto Schwartz, Josué de Castro, Mario Pedrosa, Antônio Candido, Paulo Emílio Salles Gomes...

Trata-se de um longo processo de precarização das Universidades Públicas, coroados pelas políticas ortodoxas ao longo da década de 90. A partir daí, a despeito da política de expansão do ensino superior, no Governo Lula, percebe-se a desvalorização do servidor público e os problemas estruturais das “novas Universidades”.

A UNIPAMPA que, neste contexto, surge para agir politicamente num região estagnada economicamente fica sem instrumentos e acaba por atender as necessidades de mercado, fornecendo mão de obra barata e qualificada. Ademais, a comunidade acadêmica sofre com os problemas de fixação na Região. E, assim, a Gestão Superior torna-se fiadora das políticas do MEC.

Todos esses fatores repercutiram fortemente na função social da UNIPAMPA. A fragmentação, o individualismo e a competição pela “excelência” são abertamente incentivadas, a despeito de seus prejuízos para a ciência, a tecnologia, a cultura e a arte. É hora da UNIPAMPA reagir e enfrentar suas consequências para o ensino, pesquisa e extensão dentro da autonomia universitária conquistada a duras penas e inscrita na Constituição da República Federativa do Brasil.

Essa refundação, é bom dizermos, não é tão simplesmente retomarmos o discurso nacional-desenvolvimentista, mas interromper um projeto falido de Universidade Pública e trazer para a nossa pauta os desafios do futuro da humanidade e projetar alternativas emancipatórias.

 

Propostas

 

1ª - Organização da produção do conhecimento: expansão interdisciplinar de fóruns e outros espaços comuns de aprendizagem, de pesquisa calcados no diálogo com os protagonistas sociais, reunindo a comunidade acadêmica em torno de temas como: energia, agricultura, água, educação, 

saúde, reforma urbana, biodiversidade, direitos humanos, cultura, arte... O objetivo deve ser a integração acadêmica e a ampliação do diálogo com a sociedade;

 

2ª - Reestruturação do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI): será realizado a partir da organização da produção do conhecimento, deverão ser realizadas alterações pontuais que permitam, para além de todas as demandas de cada campus, assegurar um compromisso com a educação pública;

 

3ª - Ampliar e diversificar: como parte da função social e com o funcionamento da editora da UNIPAMPA, torná-la um instrumento difusor do conhecimento produzido na Universidade, assegurando a publicação de teses e dissertações recomendadas e que tenham sido avaliadas positivamente pelos comitês editoriais;

 

4ª - Valorização da Extensão Universitária: com a criação e a consolidação de espaços de aprendizagem e de produção intelectual sem deixar de agregar distintos sujeitos sociais. A criação de Núcleos Permanentes de Extensão e a valorização de ações já adotadas no campo da extensão;

 

5ª - Caráter público do conhecimento produzido: por meio da implementação de uma política de Comunicação Institucional que assegure a difusão e a divulgação das atividades de ensino, pesquisa e extensão. Esta discussão deverá abranger os três segmentos da universidade, considerar a pluralidade de pensamento em todas os campi da UNIPAMPA e utilizar a experiência de todos os profissionais de comunicação da UNIPAMPA.

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